Compliance fiscal e as contribuições do BPO no pós-pandemia
Os efeitos provocados pelo período do coronavírus são complexos e geram alertam
Por Régis Lima*
A chegada do COVID-19 impactou a sociedade mundial em diversas vertentes, não há qualquer questionamento quanto a isso. Claro, é impossível equiparar o aspecto sanitário e a ameaça do vírus à saúde da população como um todo, mas sob a ótica das empresas, uma quantidade elevada de desafios rotineiros passou a habitar o vocabulário de líderes e gestores. Mesmo com a aparente melhora do quadro e a volta à normalização das atividades, não se deve ignorar as sequelas operacionais e a necessidade de se reinventar métodos de trabalho a fim de corresponder novas demandas. Essa noção se aplica com facilidade ao cenário fiscal do país, reconhecidamente caótico e dinâmico.
É nesse sentido que se mostra imprescindível discutir o papel do BPO para a construção de uma cultura interna alinhada com pilares de Compliance bem consolidados. Não se trata de uma preocupação secundária ou de pouca influência para o desenrolar do negócio, pelo contrário, a implementação de uma filosofia empresarial adequada à conformidade com as obrigatoriedades fiscais é o primeiro passo para se garantir a saúde financeira da empresa.
Mudanças provocadas pela pandemia global
Em resposta ao contexto atípico estabelecido pelo coronavírus, autoridades responsáveis buscaram meios concretos de se reduzir o contágio. A quarentena temporária surgiu como uma alternativa recomendável e comprovadamente efetiva contra a doença, e em decorrência dos decretos sancionados pelos estados, o fechamento de atividades consideradas não essenciais expôs a fragilidade econômica que viria a seguir nos próximos meses. Hoje, vagarosamente, as normas estão se flexibilizando e permitindo a retomada segura de determinados segmentos, mas os reflexos empresariais são numerosos e exigem uma abordagem estratégica apoiada em soluções inovadoras.
Prorrogação em prazos de pagamento de impostos, novos calendários fiscais, retomada de discussões acerca da vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), são apenas alguns dos componentes que certamente puxarão as atenções do gestor no futuro pós-pandêmico. Deixar que especialistas na área se encarreguem de lidar com o fluxo crescente de informações e conduzir a gestão fiscal de forma ágil e segura é o pretexto ideal para se colocar a empresa em um patamar sustentável em termos de Compliance e integridade dos dados.
BPO como agente operacional apontado para o futuro
A presença do Business Process Outsourcing, ou apenas BPO, configura uma abrangência nas operações da empresa contratante dos serviços terceirizados capaz de transformar setores internos. O gestor, apoiando-se na segurança de redirecionar atividades tributárias, financeiras e contábeis a profissionais acostumados a lidar com a dinamicidade do âmbito fiscal do Brasil, com destaque para o respaldo tecnológico bancado pela empresa contratada, poderá centralizar suas forças no enfrentamento de outras questões, igualmente urgentes e até emergenciais, considerando as lacunas deixadas pelo momento de fragilidade do mercado.
Além do desafogo no cotidiano empresarial, o BPO proporciona a implementação de uma mentalidade inovadora quanto ao manuseio e finalidades concedidas às informações disponibilizadas. Em outras palavras, a análise de dados, possibilitada pela máquina, abre portas para a identificação de tendências frutíferas, assim como um maior entendimento sobre o mercado e o comportamento dos clientes. A partir dessa inteligência analítica, a perspectiva do gestor mudará radicalmente.
Cultura orientada a Compliance é tendência irrefreável
Os obstáculos inesperados criados pelo vírus, somados à cada vez maior conscientização quanto ao armazenamento e uso de dados por parte do público-consumidor e, com a LGPD, noção que será respaldada pela lei brasileira, são fatores que serviram para a construção de um quadro propício à instabilidade fiscal de organizações desavisadas. Profissionais que antes renegaram o suporte tecnológico e suas contribuições pontuais para o fluxo informacional, atualmente, observam como exemplo a utilização de ferramentas automatizadas na missão de suprir os desafios do trabalho à distância.
Por fim, destaco que institucionalizar o Compliance como política empresarial, passando por todos os departamentos e afetando a comunicação entre colaboradores, funcionários e líderes, é uma sinalização natural para uma tendência que transcende o campo teórico. A melhoria é sentida na prática e personaliza uma harmonia bem-vinda em tempos de recuperação econômica, afinal, não há espaço para qualquer inconformidade com a lei. Quanto antes as figuras de liderança assimilarem essa mentalidade, melhor será o processo de adaptação. O resultado é a ingressão em uma nova era de segurança fiscal.
Como você enxerga a importância do Compliance fiscal no cenário pós-pandemia? Participe do debate e faça essa reflexão!
*Régis Lima tem mais de 20 anos de experiência em Gestão de Equipes e atuação em cargos executivos de empresas nacionais e multinacionais do mercado de TI. Atualmente é diretor executivo na Lumen IT.